Olhando esse céu estrelado das cinco da manhã já dá para prever o frio que aguarda o amanhecer ali nas beiradas da Urca.
Dia lindo, amanhecer indescritível e até mesmo a máquina fotográfica resolveu ajudar de manhãzinha. Mas não se pode negar que o mérito é todo da estação rubi, o outono!
O mar estava como o amanhecer, lindo, suave, azul cobalto e os costões estão verdinhos de musgo deixando mostrar o corpo nú na maré baixa.
Passando rente aos costões o cheiro de flor e de mato é muito forte, abre os pulmões, perfuma a alma. Mas um respirar mais profundo e ops, alguém está usando roupa úmida? Não! É o cheiro característico de uma floração que insiste em cheirar nessa época do ano ali perto da Ilha do Anel. Antes de se saber flor o cheiro causa certa repugnância, mas depois de ser conhecido como flor até o cheiro da roupa úmida passa a ser comparado com aquela sensação e deixa de ser tão ruim. A vida é conforme o coração a vê, às vezes, como a cheira! A essência há de sobrepor a forma...
Virando no Costão do Leme lá no horizonte as nuvens densas e branquinhas pareciam uma enorme onda pronta a devorar o Rio de Janeiro, mas estavam ali apenas compondo o cenário, o céu era de um intenso azul e na volta elas já não mais se encontravam ali.
Hoje foi dia de treino, sendo assim poucos momentos de fotografias, mas nenhum momento sem a contemplação devida, discreta mas presente, ainda que rápida a ponto de inclinar o horizonte! Afinal, não dá para margear as beiradas sem perder o olhar por ilhas, horizontes, ondas, gaivotas...
O trajeto do treino foi da Praia Vermelha até a Praia do Diabo e a ondulação estava tranquila com uma turbulência gostosa que quebrava a monotonia ali pela altura da lage do posto 6.
Breve pausa, breve demais, mas navegar era preciso!
Na volta o sol forte ofuscava a visão e remar de olhos fechados em determinado trecho não só foi um bom treino de sincronia como um descanso para os olhos e um afago nos sentidos.
Entrando na Praia Vermelha a canoa feminina não desembarcou sem antes dar uma volta na ilha do Anelzinho, onde Zoraide ou Zuleide estava ali, talvez procurando o Comandante, mas hoje não era seu dia.
A canoa masculina com os quatro remadores já estava na areia quando as meninas chegaram e rapidamente vieram dar uma ajuda no desembarque, mas hoje estava tranquilo. Tranquilo de calmaria das águas e de sujeiras também.
Ainda no Leme as canoas encontraram duas canoas da Rio Va_a com a mesma composição, uma com quatro remadores e outra com seis. Ao lado o Léo na sua canoa individual e mais ao largo o Chinês. Depois de um sonoro bom dia, as canoas se separaram, umas foram para a praia Vermelha e outras seguiram para a Praia da Urca.
Boa remada, bom encontro, bom treino, bom dia! Boas vindas a mais um outono das beiradas!
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