quinta-feira, 7 de outubro de 2010

07 de outubro de 2010 Um pouco mais sobre canoa havaiana



Depois de falar um pouco sobre as beiradas de hoje vou abrir um espaço aqui para falar um pouquinho da canoa havaiana. Não da sua história ou de técnicas e outras tantas coisas também importantes, mas mais sobre sua energia. Afinal o que nos rege nessas beiradas é a própria energia que extraimos delas.
Dia ainda nublado sendo rasgado pelo azul do céu que insiste em espantar as nuvens e quase que consegue em alguns momentos.





Não há vagas ali na Praia Vermelha para quem chegou depois das seis horas. Os remadores não ocuparam tanto espaço no estacionamento apesar de encher tres canoas havaianas. São moradores e frequentadores da Escola Militar.



Mar liso e com bastante lixo flutuante por ali, mas ainda assim as beiradas estão lindas no amanhecer. Nada de vento, que só veio entrar de leve no retorno do treino. Nada de ondas lambendo os costões, mas uma corrente anunciava que a ida para o Posto 6 seria um pouquinho mais pesada do que a volta para a praia Vermelha.



Canoa feminina na água e lá vou eu no leme para o último treino mais longo antes da prova da Escola Naval. Canoa com formação diferente mas com muita vontade de navegar, sangue novo correndo pelas competições mas já batizado o suficiente pela maresia das remadas.





Ester passou para o leme na volta e fez a canoa andar bem, passei para o banco tres que ajuda no motor da canoa e geralmente faz a chamada para a troca.
- Vai lá pra frente fazer força, chega de fotografias e pernas cruzadas aí atrás.
Lá pra frente mas nem tanto, Carlinha foi quem permaneceu na voga dando o ritmo da canoa pois talvez fosse a formação da prova no domingo. Mas virá Tiça que nunca deixou a peteca cair, muito menos o ritmo da canoa. No banco tres fui cantando a troca de lado da remada.

As águas  não estão lá muito claras, embora verdes, mas estão com uma temperatura agradável que não dispensa um mergulho no Posto 6 entre os tres remadores de stand up que se divertiam por ali.
A canoa fluiu bem até o final de Copacabana e mesmo sem ondas para descer no posto 6 se tornou mais leve na direção da lage para as areias. A lage dorme tranquila.
O espaço que abro para falar da canoa havaiana acredito ser o melhor de todos, é o pedaço da sincronia, da energia, do prazer de remar.
Aqui entra uma das energias que propulsionam a canoa, o chamado.
A canoa funciona da seguinte forma, os bancos 1, 3 e 5 remam de um lado enquanto os demais bancos remam do outro. A cada grupo de remadas, sejam dez, sejam treze, uma das remadoras faz o chamado e todas mudam de lado alternando os remos. Essa parte técnica e mecânica pode parecer chata para quem não pratica a canoagem mas é aí que entra a magia desse esporte.
Podemos perceber no chamado a energia que é emanada para o resto da canoa, se todas estiverem na mesma sintonia. Pode ser um chamado curto e alto para caracterizar mais rapidez e força ou um chamado mais baixo e contínuo para caracterizar uma remada mais longa e profunda. Eu particularmente grito HOPE, me lembra a palavra esperança na língua inglesa. Derivei do chamado que aprendi, HUTZ e me ensinaram que é como chamam no berço da canoagem havaina. Alguns preferem até CHOPS na hora da brincadeira. Vai de cada um, o importante é que toda a canoa ouça e principalmente, sinta!



Mas enfim, o que posso sentir é que o chamado importa muito no desenvolvimento da canoa. É uma energia puxada da alma e compartilhada com todos os outros remadores. Funciona, podem acreditar! Senti que hoje funcionou. Acredito que as meninas também sentiram assim e o ideal é que cada uma em algum momento sente no banco da chamada, geralmente o tres, para ter essa sensação. É como no karatê, quando no final de um conjunto de movimentos, sai junto um grito! Uma coisa é certa, para quem chama é um desabafo danado e um auto incentivo. É como se toda a energia vinda com o oxigênio puxado, depois de circulada pelo corpo e alma, jorrasse seu resíduo para fora.



Bom, essa foi a energia do dia que guardei para mim. Mas tenho certeza que cada uma levou consigo o que de melhor a beirada pôde lhes dar. Sejam as águas boas de navegar, seja o vento muito de leve que só veio nos visitar no final, seja a pausa do mergulho nas águas de temperatura amena, seja o tantinho de lixo que não chegou a causar tristeza, seja a reunião de pessoas com o mesmo objetivo... remar pelas beiradas!

4 comentários:

  1. Que bacana esse texto...coincidência...tivemos uma remada próxima disso hoje... ao contrário um mar limpo com tartarugas, pinguins , aguas claras e um vento quente soprando sob nós ...
    Essa energia que busco a cada remada...

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  2. boa noite!
    gostaria de saber se estou numa canoa havaiana e de repente,a canoa enche de água.
    oque fazer?
    por favor quem souber a resposta ira me ajudar muito.

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  4. Vamos lá. Essa página é bem antiga e falava da energia da vaa.
    Coincidentemente ao recebimento dessa última postagem, passei pela primeira vez pela experiência de entrar água na canoa após seis anos remando, e digo... muita calma nessa hora.
    Entrando água até a canela, basta escoar com um recipiente (que deverá sempre ter na canoa dentro de um balde amarrado no iaco de trás), entrando muita água a canoa afundará abaixo da linha dágua e ficará na superfície apenas pela ajuda da ama.
    O ideal, se não for possível esgotar a água, é embocarmos a canoa para retirar a água e depois voltá-la de forma que a ondulação não entre novamente, reposicionando-a de frente para a ondulação.
    Devolver a posição à canoa é um trabalho para toda a equipe, dois subirão na ponta do iaco que fica após a borda da canoa (moku), dois manterão a canoa virada para ondulação para que ela não torne a entrar lateralmente e dois ajudam no movimento de desvirar.
    Assim que desvirada, apenas um remador entrará na canoa para esgotar a água.
    Não conseguindo fazer isso, o jeito será rebocá-la com cabo amarrado na waa e nos dois primeiros bancos e em torno do casco.
    Calma, equipe unida e experiência são fatores fundamentais para ninguém se machucar ou entrar em pânico.
    Um cabo de reboque longo também sempre será bem vindo em mares mais complicados.
    Boas remadas e boas experiências pela vida afora!

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