segunda-feira, 4 de outubro de 2010

04 de outubro de 2010 Garças, João de Barro e Espumas



Bem cedo estava marcado o encontro na Praia Vermelha para ir andando buscar Abaeté lá na Praia da Urca. Abaeté descansava lá com Janaína e Juréia depois da Regata do CCC que aconteceu no sábado e foi um sucesso. Depois virá um relato único para um dia tão especial.
Lá na calçada a lembrança da chuva que caiu ontem cravada na calçada virando o Pão de Açúcar de cabeça pra baixo e aguardando os remadores para lavar os pés!





Ao chegar cedinho na Praia Vermelha vejo alarmada um imenso navio cheio de containers passar à toda velocidade entre o Costão e a Ilha da Cotunduba, sem nenhuma embarcação acompanhando me deixou a dúvida se aquilo era permito. Um verdadeiro perigo para quem atravessa para a Ilha em pequenas embarcações.
















Na caminhada para a Praia da Urca fomos encontrando pescadores, garças, paisagens entre nuvens, calçadas em obra e toda a beleza e caos que guarda uma cidade do tamanho da nossa.





Nas areias da Urca já estavam Marquinhos, Tonho e Bruno levando mais um adepto ao mar. Roberto, eu acho que foi o nome ouvido em um gesto tão gentil de bom dia.
Bom Tempo continua por ali, ou melhor, sua carcaça. Mas agora não está mais nas areias e sim ancorado sobre as pedras.












As águas por ali estão completamente paradas, lisas e negras mas surpreendentemente claras na beiradinha. Diria um marrom claro. Mas ao sentar em Abaeté a ilusão de uma beirada mais limpa foi desfeita com um cheiro forte de esgoto vindo das águas. É, dificilmente o mar estaria limpo depois das chuvas de ontem. Remamos em um mar de espumas de todas as cores: brancas, amarelas, cinzas... um colorido indesejado para nossa beirada.

















As espumas pareciam querer reproduzir as nuvens do céu que tudo tentavam cobrir mas não conseguiam por estar mais altas do que a paisagem, as espumas também... rodeavam o forte, o Pão de Açúcar, a Cotunduba, mas a paisagem sobressaía sobre aquele tapete de cores duvidosas. Muita calma no atravessar das espumas para não ficar salpicada das mesmas, o que nem sempre era possível.







Na virada do Cara de Cão o mar se mostrou como estava ontem à noite no caminho do Pescador no Leme, nervoso. Mas Carlinha no leme não deixou a canoa bater o casco na água e atravessou a ondulação de maneira suave. O mesmo não aconteceu na virada do Pão de Açúcar, mas aquele anarquismo não era desmérito da leme, mas mérito do mar anárquico que por umas tres vezes me fez levantar as duas pernas da cava da canoa. Definitivamente, meu banco é ali atrás.
Entre gargalhadas, rios de espumas e remadas cautelosas atravessamos o Costão e sua esquina nervosa em direção a Ilha do Anel.







Com alguma dúvida, diante da maré baixa Carla, contornou o Anel. Contorno tranquilo aproveitando um momento em que a ondulação encheu para nós passarmos. Da mesma forma circulamos o Anelzinho, sem mariscar demais as pedras e na cadência da ondulação.







O desembarque foi um verdadeiro sufoco. Saltei antes, confesso, e já coloquei a ponta da canoa sobre o ombro para sair logo da arrebentação. Mas Carla ainda estava na canoa! Saltou... afundou... não dava pé!
- Corre, põe a canoa no ombroooooo! Lá vem onda! Aiiiiiiiiiiii....
- Como? Não dá pé! Aiiiiii...
O vídeo da máquina acoplada na canoa não registrou os gritos e o corre corre pois desligara logo depois da virada do Pão de Açúcar, antes de chegar na Ilha do Anel. Não registrou também o abraço e as gargalhadas pós sufoco que sempre dá de nervoso.
Ao longe mais um navio cruzando entre a Cotunduba e a beirada numa travessia perigosa para as embarcações menores.


Nas areias, Jorge e Machado perto das canoas desfiavam um assunto que não acabava mais, mas não sei se foram ao mar. Certamente sim pois ninguém fica imune a essas beiradas. E os sorrisos parecem de gente que flutuou... ainda que sobre as espumas.



Hora de ir pra casa, tomar banho e trabalhar, mas ainda foram gastos uns bons minutos fotografando as casas de João de Barro que descobrimos ali em uma única árvore. Cinco delas, sendo uma habitada por uma família com pai, mãe e filhote. Mas não deu pra pegar todos com o zoom limitado da máquina e o tempo escasso. Precisaria de mais uns tantos minutos ali pelas beiradas.







Vontade não me faltou de querer ficar, mas o dia me chamou e o frio me espanta. Dia frio, águas frias, vento entrando bem suave mas com certo incômodo, nos convidando a deixar as beiradas.
Remada curta entre espumas e nuvens, mas suficiente para empurrar o resto do dia!

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