quinta-feira, 14 de outubro de 2010

14 de outubro de 2010 A lage assustadora!



Dia de sol, de muito calor. Hoje a brincadeira foi voltar lá para o Posto 6 para resgatar a Maia que ficou no cantinho nos esperando. Quem sabe não rolava uma aventura?
Vento de nordeste, mar estranho, com ondas grandes ali nas beiradas. Ondulação de sudoeste jogando a maré da lage para o Leme.


Aliás a lage está deslumbrante ali no Posto 6, uma formação de ondas em tubos de assustar. Mar bastante mexido e dois stand ups conferindo ali a ondulação.
As ondas estavam kamikases, formando uma triangulação ali perto do costão, ou seja, descíamos embalados parecendo que ia bater na mureta do forte e de repente parecia que iríamos emborcar e de repente dávamos uma guinada para a direita. Alívio dos remadores! É... não estava para surf!
Entramos na água em cinco com a idéia de Alessandro ficar de pé de pato fotografando e filmando de dentro d'água. Thiago também levou a filmadora, espero colocar alguma coisa por aqui em breve.
Até mesmo os pescadores tinham que enfrentar a peleja das embarcações com o mar, tinham que pedir licença de joelhos e de pernas para o ar em algumas situações.



- Vamos chegar lá no Arpex?
O Luís do stand up avisou:
- Está storm! Perigoso.
- Mas vamos? Vale o passeio. Diga-se de passagem que a idéia não foi minha e sim do Hugo.
Lá fomos nós, eu sentada ali no chão da canoa, na frente da Carlota no banco 1. Navegava afundada na canoa. Nem pensar em pegar minha máquina para fotografar, o balanço e a sensação era de abandono total, parecia mesmo estar à deriva. Mas Hugo lá no leme e Alessandro junto com Thiago no motor davam o rumo e não deixavam a maré ditar nosso trajeto.


Passagem si-nis-tra ali pela lage. O mar vem crescendo, crescendo e de repente desenrola tubos e mais tubos ali em cima da pedra. Lindo de ver passando ao lado, assustador! Carlota ia gritando de êxtase, en-lou-que-ci-da!
Ao longe ainda deu par ver Machado chegando por ali de oc1 e retornando rápído em direção à Praia Vermelha, não vi nenhuma outra canoa havaiana.
A ida para o Arpoador foi linda e a chegada monumental. Muitos surfistas e umas ondas imensas lambendo a parede da Pedra do Arpoador. Confesso que fiquei da cor do sol e resolvi saltar ali mesmo naquela imensidão de mar e ficar de longe fotografando a descida de Maia. Desceu algumas e voltava rápido, quase atropelando os surfistas. O tempo e o perigo de um desastre nos fez voltar mais rápido. Ainda bem pois eu já estava congelando naquelas águas frias. No caminho singrávamos rastros de espumas, mas as águas não me pareceram sujas quando permaneci ali dentro.
Voltei, tremendo de frio, sentada no chão da canoa na frente de Carlota. Passamos a esquina e já estávamos na reta para o Forte de Copacabana quando não pude deixar de arregalar os olhos.
- Aiiiiiiiiiii, vai virar!

http://www.youtube.com/watch?v=8GhXhqpVlVs

Pensei que fosse ficar entalada dentro da canoa mas fui catapultada para o fundo tal qual um feto saindo de dentro de um ventre. A dor foi só minha, na canela que bateu. Maia nem sentiu.  Desviramos a canoa e enquanto Alessandro retirava baldes e baldes de água de dentro dela eu remava na proa fugindo da parede de pedra. Carlinha e Thiago batiam pernas e Hugo segurava a popa. Emocionante! O filme da virada ficou muito bom, é longo mas dá para sentir um huli na canoa!
A passagem de volta na lage foi mais sinistra ainda pois em certo momento a ondulação vinha de lado, atacando a ama. Tremia de frio e presságios. Mas foi tudo bem. Na chegada ainda arriscamos uma onda quase colando a canoa na parede do forte!
- Ai, chega para mim! Pulei na água e fui nadando até a areia esperando a canoa desembarcar para desmontar e colocar no carro.
Lembrei Guimarães Rosa: " Viver é muito perigoso... Porque aprender a viver é que é o viver mesmo... "



Para nossa surpresa o Comandante estava por ali, sorridente aguardando a reunião do monumento das Cagarras. Estava com sua super bike elétrica! Disse que viu a Maia ali na areia e veio conferir. Como é bom encontrar alguém querido naquele moneto tão especial! Me senti mais viva ainda.


A volta para a praia da Urca com a canoa em cima do meu carro não foi menos assustador, Maia é bem grandinha! Resultado? O rack aguentou apenas até a entrada da Praia Vermelha e por ali Maia ficou.
Amanhã voltamos para montá-la e colocá-la em seu berço lá na Praia da Urca.


Entre uma canela inchada e o braço do Hugo lesionado, todos voltaram ilesos. Definitivamente, os dias no mar nunca se repetem!

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