quarta-feira, 7 de julho de 2010

Com a sua licença Leonardo Silva! Da PV a Ilha Grande...



"A vontade de ir para Ilha Grande sempre existiu e aproveitei todas, fosse de veleiro, de lancha ou de canoa. Durante alguns anos sonhei e planejei o dia que pudesse concretizar a minha remada solo mas algumas coisas aconteceram na minha trajetória e essa remada foi adiada até o dia que diversos fatores que tornariam as condições perfeitas se uniram.
Avisei aos amigos, juntei as tralhas que me pareciam necessárias e fui. Quando percebi já estava na ponto de saída com a canoa devidamente montade e conferida. Será que eu estaria pronto? Hesitar? Não.
Mesmo sem o descanso necessário e arrumando tudo de última hora,deixei para trás os pensamentos irriquietos e remei, de pontinho de luz em pontinho de luz. Luzes da cidade e da lua, preenchidas com estrelas, muitas estáticas, outras cadentes.
Remar noite a dentro não é tão temeroso quanto parece, a iluminação das praias e a lua quarto minguante, me davam a lumisonidade suficiente para uma navegação tranquila. Muito peixes me acompanhanvam pulando com o passar da canoa. Nesses momentos o sono era meu maior adversário. Por inúmeras vezes parei para molhar o rosto e espantá-lo. Sono que me atrasou em algumas pernas da travessia, fazendo com que a velocidade média fosse um tanto quanto baixa.
Praia Vermelha, Anel, Leme, Copacabana, Arpoador, Ipanema, Leblon, São Conrado, Joatinga, Barra, Recreio, Macumba, Prainha, Grumari me viram passar até chegar as 6h da manhã em ponto em Guaratiba. Primeira parada em terra, que sono, que frio, que desconforto nas pernas. Hora do café da manha, um breve papo com um pescador local que perguntou "doncovim" e "proncovô". Perguntou tb se vi movimento de peixes pelas bandas que passei, "Sim" repondi, "Os peixes estão largados pelo caminho". Nessa prosa ja via o tom azulado tomar conta do céu em substituição a noite negra estrelada. Contatos via SMS com os amigos que me acompanhavam em terra, alongamentos e hora de voltar a remar.
Mais umas palavras trocadas com o Sr Pescador sobre a rota que faria até a ilha e canoa na água.
Enfim me depararia com o momento que buscava, o nascer do sol na solidão da Restinga da Marambaia. Remava olhando para a Origem e não para o destino, só para não perder nenhum instante, registrei alguns de forma digital. Ele chegou em silêncio absoluto. Como posso descrever? PERFEITO! Tão perfeito que me fez rir sozinho sentado sobre as águas.
A escuridão tinha passado, o frio começava a me deixar. O dia era tão limpo e claro que de Guaratiba avistava-se a Ilha da Marambaia e a Ilha Grande. Não pensei na distância e sim nos momentos, passei a me divertir com cada onda que passou, com cada peixe que saltou ou voou.
Conversei com algumas aves que vieram saudar a Albatroz, me dar bom dia e ver se estava tudo bem. Voltei a ficar sonolento, mas ja sabia o remédio, água salgada, afinal é o remédio para tudo. Procurei por animais marinhos de maior porte, tartarugas, golfinhos, tubarões e baleias. Nada. Se estavam por perto, não me deixaram ve-los. Procurei então pelos elementos andantes da Restinga, a árvore e a laje. Como eles correm!! Horas pra alcançá-los e depois horas para fugir! Pique-pega para passar o tempo. Acelerei com o embalo das ondas. Em alguns momentos tive que conter o euforismo pois ainda tinha muita água pra ver.
Meu objetivo agora era a Ilha da Marambaia, aquela parte onde a areia branca filetada toca o gnaisse coberto com mata atlantica nativa.
Silêncio, água quente e clara, mar calmo, uma leve brisa e aquilo tudo só pra mim. Me peguei rindo sozinho novamente!
Por dica de outro navegador solitário, contornei parte da Ilha, cruzei pela primeira embarcação em 100km percorridos praticamente e parei na praia do Sino. Horário exato do almoço, 12:10h. Dali ja avistava a Grande, canoa aproada para o destino final, "refeição" a mão, contato com os amigos. Uma curta caminhada para desenferrujar as pernas e Albatroz na água para a última perna.
Remei pela pequena enseada que protege o Sino e nada novo, nada dferente, o vento leste como sempre apareceu forte, encarneirando o canal da baia. Já não tinha mais pressa de chegar. Queria voltar lá pro inicio, para que nunca acabasse.


É Grande, tão grande que uns acham que é o continente. Quem conhece identifica Palma, o Papagaio e passa por Abraão! :-)
Voltei alguns km e vi Abraãozinho, a igreja e deslizei até ziguezaguear entre os barcos ali apoitados. Alguns amigos me esperavam na ilha, felicidade mutua no avistamento.
15h25min de momentos felizes que se repetirão para muitos outros, inclusive Eu. Pois continuarão lá a Praia Vermelha, Guaratiba, a Restinga a laje e é claro, a Ilha Grande. O objetivo será sempre o mesmo, porém por meios, motivos e formas diferentes.

Agradeço aos amigos Massimo, Dave, RioVaahines, Luiza, Lana, Lucas, Provetti, que incentivaram, orientaram, ajudaram, compartilharam, fotografaram e jantaram.
bjs e abraços
Albatroz e Leo
(não se sabe onde termina um e começa o outro)

ps> espero que a árvore permaneça lá por muito tempo e possa avisar a outros navegadores que indo ou vindo, é Grande."

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