terça-feira, 4 de maio de 2010

02 de maio de 2010


Domingo de sol. O dia amanhceu lindo e já cedo era preciso buscar Abaeté no estaleiro.

Apenas um remo para uma canoa dupla, já que apenas uma remadora, mas era preciso cumprir o compromisso com Jorge marceneiro e estar no Guanabara às sete da manhã.
O dia claro e as calmas beiradas da Praia Vermelha trouxeram segurança para cumprir o trajeto Clube do Guanabara - Praia Vermelha só, ou melhor, com Abaeté.
Jorge ajudou a colocar a canoa na água e rapidamente Abaeté apontou pra o Morro Cara de Cão. Surpresa!  Nuvens que mais pareciam névoa, mas intensas, caem sobre as beiradas, entra um vento enjoado e a baía ondula. Mudanças radicais de condições desviaram o bico de Abaeté para a Praia da Urca. Águas i-mun-das, muito imundas ao largo do iate clube, até a Praia da Urca.

Inicialmente a idéia era abortar o trajeto e descansar Abaeté no cavalete lá do alto, mas o deserto da praia e a impossibilidade da canoa ser erguida por apenas uma pessoa retomou a idéia inicial de rumar para a Praia Vermelha.

Ao longe pareceu que Bom Tempo já não estava mais encalhado nas areias, mas ele continua lá nas beiradas se desfazendo como o tempo...
Dentro da baía já se avistam os preparativos para a corrida de aviões que haverá no final de semana seguinte.

Águas sujas, nuvens, vento... e perto do Cara de Cão uma ondulação danada que empurrava a canoa para o Forte Lage, não houve outra alternativa a não ser desviar um pouco o trajeto, surfar na ondulação e lá mais na frente retornar o rumo para o Costão do Pão de Açúcar.

O cansaço do trajeto de ontem até Guaratiba se revelou mas não deixou o ritmo da canoa cair pois era necessário estar às 8 horas desembarcando na Praia Vermelha. O trajeto todo seria feito em uma hora.
Entre a Praia de fora do Forte São João e o Morro do Pão de Açúcar, muito lixo e uma ilha de vegetação desgarrada de alguma beirada pediam o desvio para não haver arrasto no leme.

Muito lixo, muito lixo mesmo!

E no meio do lixo eis que surge uma tartaruga olhando curiosa Abaeté e mergulhando rapidamente depois do susto. Uma esperança. Uma tristeza.
Ao contrário do esperado, depois de passar pelas revoltas beiradas do Cara de Cão, o Costão do Pão de Açúcar aguardava os visitantes com muita calma e lambendo suavemente as beiradas.

O céu repentinamente se abre e retoma o dia azul que acordou o Rio de Janeiro.
Sossego no coração, chegada triunfante nas areias da Praia Vermelha e um abraço de agradecimento em Abaeté que com um remo apenas veio deslizando com cautela e deslumbramento desde o miolo da baía.
Nas areias a ajuda querida de Jorge e Machado para acomodar Abaeté em seu cavalete. Mais um pouco e surge Rodrigo se preparando para ir para o Forte de Gragoatá.

Despedida de Abaeté e um corpo cansado e feliz indo embora para uma esperada feijoada. Bom dia de remada, bom dia de beiradas!

E Rodrigo manda aqui seu recado lá de Gragoatá, lindas e sujas beiradas que ainda assim deixam a alma lavada!


"Esse Domingo as trilhas do mar me levaram pros lados de Gragoatá.

Passei por lá em 2008 na volta de Paquetá com o Pedro pra tirar água do Horn antes de atravessar a baía no meio de um sodoeste. No estresse não deu pra ver nada e só tirei uma fotinho meio tremida de cagaço.
Na PV, a Lê voltando com sua canoa, mais o Carlos e Jorge, dupla vencedora da Regata Ratier na oc2.
Mar calmo, ventinho a toa, visibilidade baixa. Uma névoa densa não deixava ver Boa Viagem; da Fortaleza de Santa Cruz só via o vulto.

Remei sem pensar em nada até passar pelo Laje, então parei pra ver se não encontrava Faísca e Fumaça por alí. Nenhum sinal. Segui em frente remando num mar de azeite e atravessei o canal rapidinho, meio na direção de Charitas, porque o tráfego de navios tava intenso e não se via muita coisa. Já chegando em Gragoatá, o sol dspontava atrás do forte. O lixo também, brotava na superficie.



Ó! onipresente lixo! Vós que sois flutuante; que nos cerca e nos envolve..., que está nas praias, misturado aos minúsculos grãos de areia; que está nas ruas, em nossas casas... Eu estou no meio de vós!
Desembarque pra beber uma cervejinha e explorar o local. Fiquei sabendo pelo guarda que o Forte de Gragoatá abriga uma repartição da burocracia do Exército e que não está aberto à visitação. Meia volta, volver! Ali ao lado no campo de futebol rolava um "clássico" local: Milan e Real Madri. 1 a 1 naquele momento. As barracas de peixe frito, batata frita e cachorro quente ainda não estavam abertas, mas vale a dica gastronômica. Num cais no final da praia um casal pescava, enquanto do outro lado um cidadão abnegado varria um pouco o lixo da areia.

Hora de partir. Contornei a ponta onde o forte fica cercado de um areal e segui pra Boa Viagem. Desembarque rápido numa prainha na face oeste da ilha, debaixo de um barranco, pra apreciar mais um pouco a paisagem, agora livre do nevoeiro.
Na volta tinha um ventinho entrando pela boca da barra, arrepiando ligeiramente o mar, nada demais.

Chegando alí no costão do Pão de Açúcar, o mar tava cheio de lixo flutuante, mas lá dentro da PV, mais pra beira, a água tava verdinha e clarinha, convidando prum banho.
Tibum!!! Alma lavada!

Rodrigo Magalhães"




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