Despedida de mês e o sudoeste entrou rasgando, se despedindo de um dos meses mais charmosos do ano. As beiradas do Rio hoje foram visitadas de bicicleta, não estavam muito para Janaína. Talvez não estivesse tão pouco para a Cabrita magrela de duas rodas.
Foi só despontar nas beiradas e deu pra sentir o vento sudoeste entrando de frente ali na enseada de Botafogo e nuvens negras na direção do cristo redentor aconselhavam uma meia volta vou ver. Mas não, firme em seu propósito lá foi a magrela em direção ao Leblon.
"I`m so tired..." e de repente o som do ipod para bem ali, Eagle Eye Cherry sem pilha. Mais um sinal? Tudo bem, mais um sinal mas ainda assim a Cabrita continuou na sua intenção de fiscalizar as beiradas. Agora sem música.
Chegando no Leme já dava pra ver o mar encrespado e o vento que insistia em freiar quem ia em direção ao Leblon. Algumas pedaladas e lá pelo Posto 4 o mar alisa e fica de um verde exemplar, metamorfose aquática. E assim seguiu até no final de Copacabana, mar flat e vento sudoeste.
O forte de Copacabana protege o mar quando o vento entra desse jeito. Carlos Drummond e Dorival Caymmi continuam lá, de costas para as águas, sem reparar em uns escassos valentes nadadores que repetem sua rotina diária.
Chegando ao arpoador o vento entra encapetado e encrespa o mar. Carneiros das beiradas até as Cagarras e muitas, mas muitas nuvens negras no céu.
O vento castigava a Magrela que ainda assim insistia em continuar seu trajeto. O pensamento era um só... a volta! Ah, a volta, ali estaria a recompensa de enfrentar o sudoeste. Na volta seria selada a paz e certamente a Cabrita voltaria em um tempo só.
Dito e feito, parada breve na Posto 12 para algumas fotos e a bicleta veio à toda velocidade, na mesma direção do escovar das folhas dos coqueiros.
Uma nêsga de sol apareceu por ali mas logo uma chuva fina também começou a cair. O arco íris foi procurado por todos os lados, mas só foi dar as caras entre os túneis Carlota Joaquina e o do Rio Sul. Não era lá uma das melhores paisagens para se registrar o flagrante, mas ele estava lá com todas as suas cores, conforme o imaginado.
A enseada de Botafogo descansa banhada por águas tranquilas e pouco a pouco a ciclovia vê chegar os frequentadores das beiradas. Carioca não gosta de frio mas tempo ruim também não espanta.
Da ciclovia o mar pareceu limpo, onde as espumas que se viam eram apenas dos carneiros formados pelo vento. As areias também pareceram mais limpas, mais bem tratadas. Apenas as ciclovias eram rajadas de areia, alternando o cinza do asfalto com as listas beges flutuantes.
Mais um dia de beiradas e mais um dia para se constatar que na vida tudo anda em par, vento contra e vento a favor; som e silêncio; desânimo e coragem. Que bom que a magrela não desistiu, tinhosa tal qual Janaína, sedenta de dia, de movimento, de deslumbramento!
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