Que triste despedida do horário de verão! Se sábado o mar estava um lixo, no domingo assim permaneceu e hoje bateu o recorde de imundície!
Nem mesmo nas raias da USP em São Paulo beirando o rio Tietê senti um cheiro tão podre e vi tanto lixo boiando. Esgoto in natura!
Há que se ter muito poder de abstração para remar nessas beiradas. Nem mesmo a deslumbrante imagem do Cristo Redentor de braços abertos nos distrai nessa hora. Não me assustaria se visse a imensa estátua fechando os braços e com uma mão tapasse os olhos e com a outra o nariz.
As informações sobre as águas de ontem vieram pelo Chicó, meu parceiro de remada de hoje. Janaína foi poupada de tanto horror e permaneceu nas areias da Praia Vermelha ontem e hoje. Nos levou Abaeté hoje e Juréia levou Chicó ontem.
Chicó disse que o mar estava bastante sujo no trajeto que fez da Praia Vermelha a Ipanema, mas que melhorava um pouco ao chegar ao Arpoador. Só vendo para crer. Até porque se as condições de hoje e sábado eram o horror que vi, não sei como no intervalo deixariam as beiradas respirar.
Fiz o trajeto Praia da Urca ao Clube Guanabara beirando quase a praia do Flamengo e retornando costeando a pista de corrida passando pela Pirâmide (Monumento em homenagem ao pobre do Estácio de Sá). Um fedor de horrorizar e temer qualquer respingo. Uma delícia para as minhas já bem dotadas e alojadas bactérias!
Me recuso a acreditar que os pedaços de paus que vi boiando eram cocô, mas o que não faz nosso desejo por uma mar limpo beirando o Rio? Engana até mesmo nossos olhos, eram cocô!
Onde está a comissão olímpica? Onde estão os políticos sorridentes que comemoraram a vinda das olimpíadas para o Rio? Garanto que remando não estavam ou então se envergonhariam do grande feito e se sentiriam constrangidíssimos em dar assento cagado para as visistas sentarem em sua sala de estar!
Valeu apenas o encontro com alguns amigos, Fumaça e Faísca saindo de caiaques com Sidgrillo e Antônio e o pessoal da canoa havaiana colocando uma oc6 pra conferir a triste história da beiradas do Rio!
Aliás Antônio, não sei como suas mariolas não foram lançadas ao mar num jato de vômito pois as águas estavam de embrulhar o estômago...
Flávia remou hoje também, desencontramos mas vai aí seu relato...
"Fui remar mais tarde hoje e vi uma tartaruga morta logo ali na saída da PU onde os pescadores pescam. O Bruno viu que tinha uma corda no pescoço dela, acho que se enroscou com linha de pescador? ...Fiquei a olhando, ela ali parada, as patas se movendo pelo movimento das aguas. Pequena, filhote. Fiquei fazendo um pouco de carinho (que é mesmo pra fazer carinho na minha tristeza, pois afinal ela já estava morta) e sem pensar (pois se pensasse não teria feito) coloquei a tartaruga em cima do caiaque, e remei lá pra Cotunduba e larguei a tartaruga no mar. Claro, o fedor empestiou o caiaque, mas acho que valeu à pena. Deixar ela se desintegrar em alimento no mar em vez de na imunda baía, né? Eu fazia isso com um namorado lá da California, o David, para todos os animais mortos que encontrávamos na estrada, a gente parava, e os levava pra morrer em cima da terra, e não derreter no asfalto. E mais um tempo de silêncio e preces para lembrar que afinal vamos todos morrer. Simples."
Hoje estamos de luto, Janaína já está pelas beiradas com tanto descaso! Nada de fotos já que as fotos tiradas são do contorno do Rio e tais como os postais disfarçam a realidade suja que vemos ao chegar mais perto!
Flávia remou hoje também, desencontramos mas vai aí seu relato...
"Fui remar mais tarde hoje e vi uma tartaruga morta logo ali na saída da PU onde os pescadores pescam. O Bruno viu que tinha uma corda no pescoço dela, acho que se enroscou com linha de pescador? ...Fiquei a olhando, ela ali parada, as patas se movendo pelo movimento das aguas. Pequena, filhote. Fiquei fazendo um pouco de carinho (que é mesmo pra fazer carinho na minha tristeza, pois afinal ela já estava morta) e sem pensar (pois se pensasse não teria feito) coloquei a tartaruga em cima do caiaque, e remei lá pra Cotunduba e larguei a tartaruga no mar. Claro, o fedor empestiou o caiaque, mas acho que valeu à pena. Deixar ela se desintegrar em alimento no mar em vez de na imunda baía, né? Eu fazia isso com um namorado lá da California, o David, para todos os animais mortos que encontrávamos na estrada, a gente parava, e os levava pra morrer em cima da terra, e não derreter no asfalto. E mais um tempo de silêncio e preces para lembrar que afinal vamos todos morrer. Simples."
Hoje estamos de luto, Janaína já está pelas beiradas com tanto descaso! Nada de fotos já que as fotos tiradas são do contorno do Rio e tais como os postais disfarçam a realidade suja que vemos ao chegar mais perto!
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